opinião

Mobilidade urbana



A mobilidade urbana deveria estar entre as prioridades de qualquer administração municipal, principalmente frente ao crescimento das cidades, que, por si só, traz dificuldades para as pessoas se deslocarem de um lugar ao outro. Incluem-se na mobilidade urbana todas as maneiras possíveis de uma pessoa poder se locomover dentro da urbe. Portanto, há que se dar atenção aos pedestres, aos ciclistas, aos condutores de veículos automotores e ao transporte público, que inclui as frotas de ônibus e táxis.

Não está fácil se locomover na cidade de Santa Maria (ou em qualquer outra cidade brasileira de porte médio ou grande), mas, paradoxalmente, parece haver uma generalizada despreocupação com o assunto.

As calçadas não se mostram convidativas para uma salutar caminhada, pelo contrário, se constituem em verdadeiras pistas de obstáculos. As calçadas são públicas, mas a obrigação de regulamentar a construção e a conservação é da prefeitura municipal. Em Santa Maria, as calçadas, além de estreitas, são, em regra, mal cuidadas.

Usar bicicleta? Nem pensar, o relevo não ajuda e ciclovias não existem. Automóveis? As vias estão cada vez mais esclerosadas e entupidas. Parece não haver qualquer plano e, exatamente por isto, faltam recursos.

O transporte público é arcaico. As linhas de ônibus são as mesmas do século passado, a frota idem, as vias - exceção da Rua do Acampamento, que recebeu piso de concreto há mais de 10 anos - são impróprias para o tráfego de ônibus, ao que se soma a quase inexistência de paradas e de uma mínima possibilidade do candidato a passageiro saber onde e em quais horários poderá embarcar para algum lugar.

Este descaso gera um circulo vicioso, cada vez as pessoas que podem escolher outro meio de transporte evitam o ônibus. Consequência, cai o índice de passageiros por quilômetro rodado, que ocasiona o aumento do preço das passagens. Mas não é só os coletivos que não possuem nenhum atrativo, percorrem rotas que não atendem a toda a cidade, não possuem ar-condicionado e raros têm acessibilidade a pessoas com deficiências motoras.

Em Porto Alegre - não tenho dados de Santa Maria - no último ano, 10,7% dos passageiros pagantes deixaram de utilizar o sistema de ônibus da Capital, agravando uma debandada contínua iniciada em 2013. Por conta desta redução, as empresas de ônibus dizem ter acumulado um déficit de R$ 126 milhões.

Santa Maria ainda não possui os aplicativos de transporte - Uber, Cabify etc. Mas não tardará contar com esta novidade, que permite que pessoas se juntem e consigam se locomover por um preço individual menor do que a passagem de ônibus.

Um serviço ruim e mais caro afugenta usuários e alimenta o círculo vicioso. Para que o ano novo seja realmente novo é necessário fazer diferente, senão será uma simples repetição do ano velho.

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